Em votação secreta, 56 senadores apoiaram a cassação do mandato, 19 defenderam a absolvição do colega e 5 se abstiveram. Demóstenes fica inelegível por 8 anos, contados a partir de 2019, quando se encerraria o mandato no Senado

O mandato de Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Senado chegou ao fim ontem, às 13h24. Foram 103 dias de agonia, iniciados pela representação levada pelo PSOL ao Conselho de Ética. O projeto que determinava a cassação do mandato de Demóstenes (PRS 22/12) foi aprovado no Plenário pelo voto de 56 senadores. Foram contrários à cassação 19 senadores. Cinco se abstiveram. A votação foi secreta.

À noite, pelo Twitter, Demóstenes prometeu recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reaver o mandato.

Com a perda do mandato, ele fica inelegível por oito anos, contados a partir do fim do mandato para o qual havia sido eleito. Como o mandato se encerraria em fevereiro de 2019, ele só poderá concorrer a cargo político em 2027.

No lugar de Demóstenes, assumirá o primeiro suplente, Wilder Pedro de Morais, filiado ao DEM.

Acusado de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso em Brasília, Demóstenes é o segundo parlamentar cassado na história do Senado. O primeiro foi Luiz Estevão, em 2000, por mentir ao Senado sobre seu envolvimento no desvio de verba na construção do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

Outra acusação contra Demóstenes é a de ter mentido aos colegas, num discurso em 6 de março, quando negou ter ligação criminosa com Cachoeira, apenas uma antiga amizade, e ter defendido interesses do negócio dos jogos ilegais. Cachoeira é apontado pela Polícia Federal como chefe de um esquema de corrupção, tráfico de influência, escutas ilegais e jogos clandestinos.

A cassação foi anunciada pelo presidente do Senado, José Sarney, diante do Plenário com 80 senadores e das galerias para o público lotadas. Anunciado o resultado, Demóstenes retirou-se rapidamente, na companhia de seu advogado. Um carro os aguardava na saída do Senado.