A apuração do resultado das eleições sempre é dramática para aqueles que dedicaram meses e até anos para tentar se eleger a cargos públicos. Em 2002, a família Oliveira aguardava ansiosa em casa o veredito popular sobre quais lideranças ocupariam as duas vagas em aberto para Mato Grosso no Senado Federal. Quando a contabilização dos votos foi concluída, Dante caiu em prantos pela derrota. Ele havia deixado o governo do Estado pensando na cadeira. Quem lembra o outubro sombrio vivido é

Thelma de Oliveira, viúva do ex-governador, ex-prefeito de Cuiabá e ex-ministro da Reforma Agrária.

Neste dia 6 de julho, são completados 8 anos sem Dante. Aos 54 anos, em 2006, uma das maiores lideranças da histórica de

Mato Grosso falecia vítima de uma pneumonia decorrente de um quadro agravado pelo diabetes.

Segundo Thelma, perder as eleições para o Senado deixou o ex-governador muito triste, mas não só por ficar sem cargo eletivo. “Ele ficou entristecido com a campanha que fizeram contra ele, de calúnia, de mentiras. A forma baixa, vil, com que tentaram denegrir a imagem dele. Ele sempre me dizia que perder eleição faz parte da democracia e da vida de quem disputa. Você pode ganhar ou perder. O que ele nunca fez foi culpar o povo por ter perdido”, conta.

Dante se foi, mas deixou um grande legado para o Brasil. Em 2 de março de 1983, quando era deputado federal e ainda imperava o regime ditatorial, ele apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 5, que propunha eleição direta para a presidência da República. A medida apresentada por ele daria início a uma intensa mobilização popular e política até a restauração das eleições diretas.

Além disso, também foi no governo Dante que o Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) foi criado. Atualmente, é uma das maiores fontes de investimento do Executivo estadual. Em sua gestão como prefeito deixou como espólio a ponte Sérgio Motta e o Parque Mãe Bonifácia.

Uma preocupação de Dante à frente do Estado era com a educação, conforme lembra Thelma. O projeto Arara Azul, que tinha o intuito de capacitar funcionários das escolas, isto é, aqueles que estivessem inseridos no contexto educional. “As formaturas eram maravilhosas porque as pessoas choravam. Eram pessoas muito simples, algumas não sabiam ler nem escrever e tiveram essa oportunidade”, recorda.

Em Cuiabá, a Avenida dos Trabalhados hoje leva o nome de Dante. O prédio da Assembleia Legislativa também foi batizado de modo a homenagear o líder político já falecido. Além de ter sido construído memorial, localizado na praça Rachid Jaudy, no Centro, onde estão expostas imagens, documentos, medalhas, que lembra a trajetória do tucano.