A deputada estadual Luciane Bezerra deixará o PSB nos próximos dias e assumirá a presidência da Mobilização Democrática (MD) em Mato Grosso.

O partido foi criado na última quarta-feira (17), da fusão entre o PPS e o PMN, e sua criação abre uma “janela eleitoral” para que políticos com mandato possam mudar de partido sem perder os cargos.

“Definimos que eu vou ficar na presidência porque o Percival Muniz, que assumiu o comando do MD provisoriamente, está muito ocupado com a Prefeitura de Rondonópolis, e sem tempo para cuidar da consolidação do novo partido”, explicou Luciane. Ela informou que o vice-presidente da sigla deve ser indicado pelo PMN.

Em entrevista na sexta-feira (19), Percival já havia anunciado sua intenção de entregar o comando do partido a um parlamentar, que pudesse trabalhar a construção da agremiação com vistas às eleições de 2014.

“Eu quero passar essa missão para alguém que tenha projeto para 2014 e tempo para fazer política. Porque minha missão agora á tapar buraco, matar mosquito e recuperar nossa querida Rondonópolis”, disse o prefeito.

A definição de Luciane na presidência da comissão provisória estadual foi feita em reunião realizada na noite de sexta-feira, com a presença do principal líder do PPS no Estado, o prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz; do secretário de Meio Ambiente de Cuiabá, Antônio Carlos Máximo (PPS); do senador Pedro Taques (PDT); do ex-presidente da Agecopa, Adilton Sachetti (PDT); e do marido de Luciane, o ex-prefeito de Juara, Oscar Bezerra (PSB).

Ela explicou que os pedetistas estão ajudando na construção do MD porque o partido continuará no mesmo arco de alianças em que o PPS estava, o movimento Mato Grosso Muito Mais (PDT-PPS-PSB-PV), que trabalha para lançar Pedro Taques ao Governo do Estado em 2014.

“Nós convidamos o senador e o Sachetti para se filiarem, mas eles não responderam. Gostaríamos muito que eles viessem, mas se continuarem no PDT, de qualquer forma estaremos na mesma aliança. O MD veio para somar, para fortalecer o nosso movimento, e não para dividir, como aconteceu com a fundação do PSD em 2011”, disse a deputada.

Fortalecimento do MD

Além de Luciane, já está confirmado na nova sigla o seu marido, Oscar Bezerra, que foi eleito prefeito de Juara, mas não assumiu o mandato devido à Lei da Ficha Limpa e, agora, aguarda julgamento de recurso.

O deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM) é outro que deve aderir ao novo partido. “Nós o convidamos e ele se mostrou bastante inclinado a vir, até porque ele terá mais autonomia política na região dele (Sinop)”, disse Luciane.

O grupo também convidou os deputados estaduais Ademir Brunetto (PT) e Adalto de Freitas, o “Daltinho” (PMDB) – ambos em crise dentro de seus partidos, devido às críticas que têm feito ao governo de Silval Barbosa (PMDB).

“O Brunetto e o Daltinho sabem que mudar para o MD é uma oportunidade de terem mais liberdade para atuar politicamente. Mas ninguém toma uma decisão como essa do dia para a noite, pois eles têm que avaliar a questão, consultar suas bases. Aguardamos esperançosos as respostas deles”, disse.

A deputada informou que foram convidados, também, outros dois colegas da Assembleia Legislativa, ambos da bancada do PP – Ezequiel Fonseca e Antônio Azambuja. O prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), também foi chamado, mas descartou trocar de partido no momento.

A janela eleitoral prevê que os políticos com mandato têm 30 dias, a contar da criação do partido, para se filiarem sem perderem seus cargos. Os que não têm mandato podem se filiar até o final de setembro deste ano, um ano antes das eleições de 2014, se quiserem disputar o próximo pleito eleitoral.

Apesar de terem surgido questionamentos quando à legalidade da janela para o MD, que foi fruto de uma fusão entre dois partidos, Luciane garante que a migração de políticos com mandato está garantida. “Dois partidos foram extintos, e foi criado um novo a partir deles. Então é um novo partido, e existe segurança jurídica para a filiação no prazo de 30 dias”, afirmou.

Saída do PSB

Luciane Bezerra afirmou que sua saída do PSB foi pacífica, e que não houve problemas com relação a isso com o presidente regional do partido, o deputado federal Valtenir Pereira.

“O Valtenir já está sabendo da minha decisão. Não houve briga. E a mudança de partido será importante para fortalecermos o nosso grupo político”, disse a deputada.

Ela disse que o fato de ter mais espaço político na nova sigla pesou na decisão. Desde que assumiu o mandato de deputada, em 2011, Luciane tem reclamado da falta de espaço para articular em sua região, no norte e noroeste do Estado, e criticado a política centralizadora de Valtenir. Agora, ela terá espaço para ampliar sua base eleitoral no Nortão.