magine um cidadão ser assaltado três vezes no mesmo ano, ter três carros roubados e ficar andando a pé, mesmo pagando prestação de mais de R$ 700 de um veículo do qual não se sabe qualquer pista.

Esse drama que certamente ninguém gostaria de enfrentar está sendo vivido pelo vendedor Reginaldo Souza de Oliveira, cujo endereço até evita revelar para, segundo ele, não atrair novos assaltos. Ele teve os três carros roubados em Cuiabá, em 2013 e está trabalhando com uma moto emprestada.

Mesmo assim, o vendedor é apenas mais um nas estatísticas policiais. Em Cuiabá e Várzea Grande o número de roubos de carros cresceu 31% em um ano, saltando de 852 em 2012 para 1.119 em 2013. Na capital foram 571 e outros 546 em Várzea Grande, conforme dados oficiais da polícia.

As duas cidades registraram 267 assaltos a mais no ano passado. Se comparado a 2011, ano em que 808 carros foram roubados, a diferença é maior ainda, 311 assaltos a mais.

As estatísticas mostram que o uso de arma tem sido uma prática cada dia mais repetida nas ruas das duas cidades. Os ladrões agora preferem a violência a furtar se aproveitando da ausência do proprietário, especialmente em Várzea Grande.

Lá, o número de veículos furtados representa menos de 20% dos roubados. Em 2013, Várzea Grande contabilizou 546 roubos e 193 furtos, conforme os gráficos estatísticos da Polícia Judiciária Civil(PJC). As duas cidades registraram 698 furtos, sendo a grande maioria, 505, em Cuiabá.

O delegado titular da Especializada de Roubos e Furtos de Veículos(Derfv), Antônio Carlos Garcia, diz que o aumento de roubos de furtos de carros é consequência do crescimento da frota de veículos e de uma série de outros fatores, incluindo a falta de estrutura da polícia.

Conforme ele, em Cuiabá e Várzea Grande não há organizações especializadas nessa modalidade de crime, apenas grupos de bandidos e ladrões que agem individualmente espalhados por todos os cantos.

De acordo com Garcia, cerca de 45% dos roubos de carros estão relacionados aos assaltos em residências. “Os ladrões usam o carro para levar mercadorias ou para fugir e em seguida os abandonam”, observa.

A Derfv tem apenas sete investigadores para atuar diretamente na apuração dos roubos, dois policiais por plantação para registrar os boletins de ocorrência e seis escrivães. Na delegacia tramitam atualmente 1.200 inquéritos.