A família de Santa Catarina que adotou o irmão caçula de Ida Verônika Feliz, também desaparecido há quase três anos, acredita que o menino esteja na Itália. Investigações da Polícia Civil de Mato Grosso apontam que Ida também poderia estar no país europeu com os pais biológicos que deixaram o país após envolvimento em crimes. A menina foi sequestrada no dia 26 de abril da residência da família adotiva em Cuiabá.   Pietro Feliz morou em Tubarão, no interior de Santa Catarina, por três anos e sete meses. A mãe biológica, de origem dominicana, perdeu a guarda da criança porque, na época, foi condenada a cumprir prisão por tráfico de drogas em Florianópolis. Ela foi presa transportando 3,6 mil comprimidos de ecstasy. O companheiro da dominicana também chegou a ser preso pelo mesmo crime. Ele cumpriu pena de dois anos na Penitenciária Central do Estado (PCE) e depois foi expulso do país para a Itália

A mãe adotiva de Pietro, Eliane Castro, afirmou que conheceu a dominicana na empresa que administra. “Eu tenho uma empresa aqui em Tubarão e ela era a minha cliente.”, confirmou a empresária.  

 De acordo com Castro, a dominicana foi presa quando estava no sétimo mês de gravidez. Ela cumpriu a pena parcialmente e ficou na cadeia até dezembro de 2009, quando foi beneficiada com a progressão de regime. Na época, em vez de cumprir o que determinava as regras do benefício, ela fugiu e, até o momento, é considerada foragida da Justiça. Longe da prisão, ela teria levado o filho quando ele deixava a escola.  

 “Ela tinha o direito de pegá-lo toda quinta-feira no final da escolinha e tinha que entregar o menino na segunda-feira seguinte. Naquela segunda-feira de manhã eu liguei na escolinha e deparei com aquela situação. Eu vivia na insegurança e sabia que aquilo [desaparecimento] poderia acontecer”, afirmou a empresária.   Pietro nunca mais foi visto pela família adotiva em Santa Catarina, que ainda tem esperança em voltar a cuidar do garoto, hoje com quase seis anos de idade. “Tenho certeza que vou reencontrá-lo. O Pietro vai voltar para a nossa casa”, destacou a empresária.

Além de foragida, a dominicana e o marido são procurados pela Polícia Internacional (Interpol) pela suspeita de ter planejado o sequestro de Ida Feliz, que a exemplo do irmão caçula, morava com uma família adotiva em Cuiabá desde que era bebê. Uma mensagem recebida pela família via internet no dia 28 de abril, afirmando que Ida se encontrava "muito bem", foi rastreada pela polícia. Um computador foi utilizado na Europa para enviar a mensagem. 

 "Desde o início já desconfiávamos da possibilidade de que a criança tinha como destino esse outro país, a Itália, visto que, além dos pais terem essa origem, o pai biológico já tinha entrado em contato com a família há cerca de um mês antes do fato falando do interesse dele em reaver a criança. E depois, no domingo, houve um contato da mãe, via MSN, com a família, informando numa frase só que a criança estava muito bem. Rastreamos o IP e chegamos à conclusão de que a máquina estava na Itália quando emitiu essa mensagem", explicou o delegado Flávio Stringueta, da Divisão Anti-Sequestro de Mato Grosso.  

 A polícia vai pedir a quebra do sigilo telefônico da família adotiva de Ida a fim de desvendar a origem do telefonema feito cerca de um mês pelo pai biológico da criança. A menina foi levada de casa à força por um homem armado. A Polícia Civil divulgou recentemente o retrato falado do suspeito. Na manhã deste sábado (4), a família adotiva da garota conduziu uma passeata pelo centro de Cuiabá pedindo agilidade nas investigações, ajuda e orações a fim de encontrar a criança.