Índios são autuados pela PF por desobediência e resistência
Índios são autuados pela PF por desobediência e resistência
A Polícia Federal informou que 13 índios da etnia mundurukú, da região do rio Teles Pires, foram autuados por resistência e desobediência após o confronto com policiais federais, na manhã de quarta-feira (7), em um garimpo ilegal no Norte de Mato Grosso, durante a Operação Eldorado.
Os índios prestaram depoimentos na sede da Superintendência PF em Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá). Foi arbitrada fiança de um salário mínimo e eles foram liberados em seguida
Além dos 13 índios que foram autuados, outros quatro também prestaram depoimentos, mas, por serem menores, não foram autuados
O grupo não chegou a pagar a fiança, alegando que não tinha dinheiro. Nesse caso, está amparado pelo Art. 325, do Código de Processo Penal, que garante ao preso a liberdade provisória, caso seja comprovado que não tenha condições financeiras de arcar com o valor arbitrado
A PF informou que, após os depoimentos, os índios foram liberados e retornaram para Alta Floresta (803 km ao Norte da Capital
Na aldeia, os policiais relataram que encontraram ao menos 15 armas de cano longo, além de arcos, flechas e bordunas
O incidente ocorreu no rio Teles Pires, na região de Alta Floresta, próximo à divisa com o Pará, durante o cumprimento dos mandados judiciais na área da Terra Indígena Kayabi
Até o momento, as informações são de que seis índios foram feridos a bala e dois policiais federais tiveram ferimentos causados por flechas.
Uma das vítimas do embate ente PF e indígenas foi o índio Adenilson Crishi Munduruku, 30, o “Ussuru”. Ele foi morto com um tiro e deixou oito filhos
O corpo de Ussuru foi encontrado por volta de meio-dia de quinta-feira (8), no leito do rio Teles Pires. Outros dois índios estão internados no Pronto-socorro de Cuiabá
Explicações ao MPF
O procurador da República Rodrigo Timóteo da Costa e Silva pediu explicações, "com a máxima urgência", ao superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, César Augusto Martinez, e à presidente da Funai, Marta Maria do Amaral Azevedo, sobre o confronto
Após o conflito, o superintendente regional da PF, César Augusto Martinez, suspendeu, temporariamente, a Operação Eldorado.
Operação Eldorado
A Operação Eldorado, deflagrada na terça-feira (6), em Mato Grosso, Pará, Rondônia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Amazonas e Rio de Janeiro, teve o objetivo de desarticular uma rede de exploração de garimpos ilegais na região do rio Teles Pires
O esquema funcionava há cinco anos. Durante a primeira etapa da operação, foram cumpridos 17 dos 28 mandados de prisão temporária, 64 de busca e apreensão e oito de condução coercitiva expedidos pela Justiça Federal
No esquema, eram usadas notas frias de cooperativas de garimpeiros para legalizar a produção de garimpos, que funcionavam de forma ilegal
Conforme as investigações, boa parte dos garimpos ficava nas terras dos índios mundurukus e kayabis
O esquema também contava com a participação de índios, que, segundo a PF, facilitavam o acesso às áreas de extração
Uma das empresas investigadas, com sede em Cuiabá, movimentou cerca de R$ 150 milhões nos últimos dois anos
A companhia também operava na Bolsa de Valores, para comercializar o ouro como ativo de investimento financeiro
Na operação, agentes da PF apreenderam 23 quilos de ouro, avaliados em R$ 2 milhões, com o empresário Valdemir Melo, dono da empresa Parmetal, com sede em Cuiabá, e com o filho dele, Artur Melo. Os dois foram presos na manhã de terça-feira
Também foi preso na operação um oficial da Marinha do Brasil, lotado no Norte de Mato Grosso, que seria encarregado de legalizar o transporte do produto em embarcações, com o uso de notas fiscais falsas
MAIS NOTÍCIAS