Índios e oficial da Marinha são envolvidos com fraude, diz PF
Índios e oficial da Marinha são envolvidos com fraude, diz PF
A Polícia Federal informou, nesta terça-feira (6), que, entre os presos na Operação Eldorado, que desarticulou um esquema de extração ilegal de ouro, está um oficial da Marinha do Brasil.
Ele seria encarregado de legalizar o transporte do produto em embarcações, com o uso de notas fiscais falsas. Segundo a PF, índios também estariam envolvidos no esquema, mas nenhum foi preso ainda, no decorrer da operação.
O oficial da Marinha é lotado na região Norte do Estado. Seu nome não foi divulgado.
O delegado federal Wilson Rodrigues de Souza Filho, responsável pelas investigações, disse que o esquema possuía, ao menos, 4 etapas até ser concluído: a extração, a transformação em ouro legal, o transporte para os grandes centros - São Paulo, principalmente -- e a comercialização diretamente com investidores.
O ouro era extraído de terras indígenas e de garimpos ilegais e, depois, era adquirido por empresas distribuidoras de títulos mobiliários. Após subverter a origem, o minério era vendido como ativo financeiro para investidores em São Paulo.
Na região Norte do Estado, onde foram feitas seis prisões, os agentes destruíram 16 dragas, que estavam localizadas às margens do Rio Teles Pires.
Prisões
Até o momento, foram presas 16 pessoas. Na operação, foram expedidos 28 mandados de prisão temporária e mais 64 de busca e apreensão.
Todos os mandados foram expedidos pela Justiça Federal de Mato Grosso e estão sendo cumpridos também no Pará, Rondônia, Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
Em Mato Grosso, foram cumpridos mandados nos municípios de Alta Floresta (803 km ao norte de Cuiabá) e Matupá (695 km ao norte da Capital).
Entre os presos está o empresário Valdemir Melo, proprietário da empresa Parmetal, e seu filho Artur Melo. Com eles foram encontrados aproximadamente 23 quilos de ouro, que valem cerca de R$ 2 milhões.
Crimes
Os acusados responderão por crimes ambientais, exploração ilegal de área permanente, poluição e destruição de área de preservação permanente, crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
O inquérito deverá ser concluído em até 10 dias
Notas frias
A Polícia Federal analisou cerca de 40 mil notas fiscais frias, utilizadas para dar sustentação ao esquema de extração ilegal de ouro nos Estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia.
De acordo com a PF, em 10 meses de investigação, descobriu-se que uma das três distribuidoras envolvidas no esquema movimentou algo em torno de R$ 150 milhões.
Operação Eldorado
Participam da operação mais de 380 policiais federais, que atuam no cumprimento dos mandados judiciais e nos locais onde eram extraído o ouro, além de fiscais do Ibama.
O nome da operação é referência a uma antiga lenda narrada pelos índios aos espanhóis, na época da colonização.
Acreditou-se que o Eldorado fosse em várias regiões do Novo Mundo, dentre elas, aas nascentes do Rio Amazonas.
O termo Eldorado significa “o homem dourado”, em espanhol. Segundo a lenda, tamanha era a riqueza da cidadela, que o imperador tinha o hábito de se espojar no ouro em pó, para ficar com a pele dourada.
MAIS NOTÍCIAS