O pai do menino Ryan - morto aos 4 anos, após ser jogado no rio Cuiabá pelo ex-padrasto -, o músico Lauro Pereira Camargo, 25, alertou ontem (13), durante uma caminhada contra a violência, que familiares de autor do assassinato, Carlos Henrique Costa de Carvalho, estariam tentando relaxar a prisão do criminoso e colocá-lo em uma cela especial.

“A sociedade não pode aceitar um crime como esse como algo normal. Não é normal. A família do cara que fez isso com meu filho está tentando relaxar a prisão dele, colocá-lo em cela especial e isso não pode acontecer. Ele deve pagar pelo que fez”, afirmou Camargo em entrevista ao MidiaNews.

Familiares de Ryan e da sua avó, a professora Admárcia Mônica Alvez, 43, organizaram uma caminhada no final da tarde de terça-feira (13). O ato de protesto reuniu cerca de 200 pessoas, entre parentes, vizinhos e amigos da família, no bairro Dom Aquino.

Os dois foram assassinados na madrugada de domingo (11), em um crime que causou comoção, sobretudo, pelos requintes de crueldade. Lauro Camargo participou da caminhada - que saiu da Rua São Cristóvão, local do crime - vestido de Super-Homem e carregando um buquê de flores.

“Essa foi uma homenagem ao meu filho, ele adorava super-heróis e fiz isso para ele. Estou sofrendo demais, me apego a Deus. Sei que, antes de ele bater com o corpo na água que o afogou, ele já estava salvo por Deus e não sofreu”, disse, em tom emocionado.

O grupo percorreu várias ruas na região. Os manifestantes seguravam cartazes e faixas e faziam orações. O clamor era por Justiça, paz e também um protesto contra a violência.

O músico disse que ainda não conseguiu voltar às suas atividades rotineiras. “Eu não tenho cabeça para mais nada. Só penso no meu filho e nessa tragédia. Estou correndo atrás dos documentos dele, que foram queimados no incêndio que matou a avó de meu neném”, afirmou.

Boas lembranças é o que Lauro pretende guardar do filho. “Ele teve uma vida curta, mas foi cheia de amor. Eu o amava muito e ele também me amava. Vou sentir muita falta do meu filho”, desabafou.

A tragédia

Segundo informações da Polícia Civil, o consultor de rede de internet Carlos Henrique Costa de Carvalho, 25, invadiu a casa onde a família morava no bairro Dom Aquino, esfaqueou Admárcia e, depois, ateou fogo no corpo dela.

Logo depois, ele pegou a criança e o levou até a Ponte Júlio Müller, sobre o Cuiabá, no bairro do Porto, e a jogou ainda viva no rio. O corpo de Ryan foi resgatado por moradores, horas depois.

Segundo a Polícia, o alvo do ataque de fúria de Carlos Henrique era a sua ex-namorada Thassya Alves, mãe de Ryan. Ela teria terminado o relacionamento e Carlos Henrique não aceitava.

A estudante não estava em casa no momento em que o ex-namorado atacou sua mãe e o filho. Posteriormente, foi confirmado que ela está grávida de dois meses do ex-namorado.

O fotógrafo Luiz Alvez, pai de Tassya, conversou com o MidiaNews sobre o assunto: “Minha filha está sofrendo muito. Ela mal consegue falar e se concentrar, tem chorado o tempo todo. Ela está grávida do Carlos e teremos que ter muita paciência com ela para lidar com essa situação. Ela vai precisar de acompanhamento psicológico para enfrentar a situação e não rejeitar a criança, que não tem culpa nenhuma dessa tragédia. É somente mais uma vítima”.

“Esse crime bárbaro fez um estrago sem tamanho em nossa família e não pode ser esquecido. Tem que haver Justiça!", disse ele.

Carlos Henrique, que confessou o crime, foi autuado em flagrante por duplo assassinato.

Ele está preso na Penitenciária Central do Estado, numa ala de segurança, após ter sido agredido por outros presos, que, segundo as informações, se revoltaram com o crime praticado por ele.