Advogado é indiciado pela PF por formação de quadrilha
Advogado é indiciado pela PF por formação de quadrilha
O advogado Marden Elvis Fernandes Tortorelli é apontado pela Polícia Federal como "lobista", em Mato Grosso, de um esquema, com ramificação em nove Estados, que teria movimentado mais de R$ 300 milhões de contas de empresas de fachadas.
A Polícia Federal informou que ele será indiciado pela prática dos crimes de formação de quadrilha e tráfico de influência.
Tortorelli seria o responsável por convencer prefeitos a investir recursos, de fundo de previdência de servidores públicos, em uma empresa de fachada, a Investe Investimentos Inteligentes.
Os prefeitos, ou gestores dos fundos de previdência dos municípios, aplicavam o dinheiro e, parte do lucro obtido, era desviado para empresas de fachadas.
A PF já teria identificado cerca de 30 empresas que teriam recebido os valores desviados.
Carros apreendidos
O escritório de Tortorelli em Cuiabá, no bairro Santa Rosa, e sua residência, no condomínio Florais Cuiabá, foram alvos do cumprimento de dois mandados de busca e apreensão, na manhã desta quinta-feira (19).
Na sede da Polícia Federal já estão apreendidos três carros de propriedade do advogado - um Audi, uma Toyota Hilux SW4 e um Fiat Freemont.
Além disso, a polícia levou documentos e computadores de sua residência e de seu escritório.
Após a oitiva, ele será liberado, pois não há contra o advogado nenhum mandado de prisão.
Toda a investigação foi realizada pela Polícia Federal em Brasília.
Investigação
A Polícia Federal deflagrou hoje (19) a Operação Miqueias, com o objetivo de desarticular duas organizações criminosas acusadas de fazer lavagem de dinheiro e má gestão de recursos de entidades previdenciárias públicas. Foram escalados mais de 300 policiais para cumprir 102 mandados judiciais.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos 75 mandados de busca e apreensão, cinco prisões preventivas e 22 prisões temporárias em dez unidades federativas: Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia.
Em nota, a PF informa que investiga há um ano e meio lavagem de dinheiro por meio das contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas, abertas em nome de laranjas. Na ocasião, foi verificada a existência de uma holding de empresas que consistia em um verdadeiro serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos.
O dinheiro era creditado nas contas bancárias das empresas investigadas, e os valores ilícitos ficavam circulando pelas demais contas ligadas à quadrilha, de onde eram sacados. Em 18 meses, foram sacados mais de R$ 300 milhões. Para não chamar a atenção dos órgãos de fiscalização, os criminosos substituíam periodicamente os laranjas e empresas envolvidas no esquema.
A PF identificou diversas “células criminosas da organização”, divididas em três núcleos. De acordo com os investigadores, os criminosos contavam com a ajuda de policiais civis do Distrito Federal. Os líderes da organização também faziam aliciamento de prefeitos e gestores do Regime Próprio de Previdência Social a fim de que aplicassem recursos de entidades previdenciárias em fundos de investimentos com papéis pouco atrativos, geridos pela própria quadrilha e com alta probabilidade de insucesso.
Esses fundos eram formados por “papéis podres” e “foram verificados prejuízos no patrimônio desses regimes previdenciários”, segundo a PF. Os prefeitos e gestores que aderiram ao esquema eram remunerados com um percentual sobre o valor aplicado.
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