Há muito tempo que o clima entre índios da etnia Enawenê Nawê não é bom em Juína. O fechamento da MT 170, com cobrança de pedágio, impedindo as pessoas de ir e vir livremente e se aproveitando da situação para encher os bolsos de caciques, é um dos fatores que tem causado muitos desentendimentos e revoltas entre índios e não índios.

Recentemente a população se mobilizou e também fechou a MT 170, para evitar que os índios continuassem a cobrança de pedágio na rodovia. O fechamento aconteceu nas saídas das cidades de Brasnorte e Juína e em Brasnorte houve um confronto e um indígena saiu baleado com gravidade e um não índio levou uma flechada de raspão no ombro.

Mas, o desaparecimento de dois rapazes da cidade de Juína na última quarta-feira, 09 de dezembro, suspostamente por índios que faziam mais um pedágio na estrada de chão, BR 174, que liga Juína a Rondônia, foi o estopim para deflagrar de vez a revolta na população.

Segundo informações, os dois homens foram presos por indígenas da etnia Enawenê Nawê a 100 km da cidade de Juína, na BR 174, que ligar a região noroeste à Rondônia, na manhã desta quarta-feira, 09 de dezembro.

As informações são as mais diversas e desencontradas, entre elas a que poderia ter ocorrido algumas desavenças em negócios que seriam feitos entre os homens e os indígenas. Também há a informação de que os dois rapazes teriam atirado em uma placa da rodovia e tentado furar o bloqueio para não pagar o pedágio.

Marciano Cardoso Mendes, de 27 anos e Genes Moreira dos Santos Junior, de 24, teriam sido presos pelos indígenas, levados para a aldeia e há suspeita de que tenham sido torturados e executados pelos Enawenê Nawê.

A partir daí, teve início uma mobilização na cidade para tentar resgatar os rapazes, mas como não houve sucesso nas buscas pelas Polícias locais, e, devido ao fato de que problemas com índios devem ser tratados pela Polícia Federal, a situação acabou ficando ainda mais morosa e só nessa sexta-feira, 11 de dezembro, chegaram os agentes da PF e representantes da FUNAI, Fundação Nacional do Índio, para cuidar do caso.

O delegado federal Hércules Ferreira Sodré, que atua junto a Delegacia de Defesa Institucional em Mato Grosso, já encontra-se na região de Juína para apurar o desaparecimento dos amigos Marciano Cardoso Mendes, 27 anos e Genizes Moreira dos Santos, 24 anos. Há suspeitas de que os dois estejam em poder de índios da etnia Enawenê Nawe.

Segundo a Polícia Federal, todos os tipos de recursos necessários para localização dos rapazes serão empregados. A equipe, coordenada pelo delegado Hércules, deteve alguns índios nessa sexta-feira, 10, para que os mesmos prestassem depoimento na cidade.

Segundo informações, eles prometeram entregar os dois rapazes nesse sábado, 12, vivos ou mortos. A Polícia Federal confirmou que os jovens vendiam armas e munições aos indígenas.

O governador Pedro Taques, que esteve na cidade para inauguração de uma Unidade do Corpo de Bombeiros, conversou com os manifestantes e prometeu empenho na elucidação do caso e punição dos culpados.

Está marcado para o início da manhã desse sábado, 12, um encontro de moradores de Juína, em frente ao Posto Figueira, para fechar a rodovia de saída da cidade, pedindo justiça e o fim da balburdia que se instalou na cidade com as atitudes dos índios.

A rodovia deverá ficar fechada até que os dois rapazes sejam devolvidos, vivos ou mortos, para os familiares, e, durante essa sexta-feira, quando alguns indígenas foram detidos para deporem, a população se aglomerou pedindo justiça e os ânimos ficaram bastante exaltados.

Nas redes sociais, o clamor para que a população se uma e participe do protesto que vai acontece nesse sábado.