NOTÍCIA | TAÍSE BERTONCELLO

Médico: morte súbita é rara, mas pode ocorrer com qualquer um

Cardiologista aconselha avaliação médica para quem pretende fazer atividades físicas intensas

Por: MídiaNews/Cíntia Borges
Publicado em 26 de Março de 2018 , 08h36 - Atualizado 26 de Março de 2018 as 08h50


Alair Ribeiro/MídiaNews

O caso da advogada Taíse Bertoncello, de 24 anos, que morreu durante uma corrida noturna em Cuiabá na semana passada, levantou questionamentos sobre os riscos e quando se deve procurar um especialista para praticar atividades físicas.

Para o cardiologista Valdiro José Cardoso Júnior, pessoas saudáveis que não apresentam sintomas como arritmia, cansaço excessivo e diabéticos não têm a necessidade de procurar um profissional antes dos 35 anos. 

“Já as pessoas que se propõem a fazer exercício intenso, de alto nível e competitivo devem passar por uma avaliação médica prévia, em qualquer idade. Atividade físicas de intensidade leve ou moderada, com menos de 35 anos, só se tiverem sintomas ou histórico familiar de doenças cardíacas”. 

Após essa idade, o médico recomenda um acompanhamento anual. “Acima de 35 anos é bom que venham ao médico e façam ao menos um eletrocardiograma e tenham uma conversa. Acima de 40 anos, a doença se torna mais provável, e ao menos uma vez ao ano se deve ir ao médico”, disse.

No entanto, o especialista alerta: se há dor no peito, palpitações, tonturas, desmaio (síncope), falta de ar desproporcional ao esforço realizado, é preciso procurar um especialista. 

“Esses são sintomas de alerta em qualquer indivíduo, dos 8 aos 80 anos”.

Leviandade 

Valdiro Júnior classifica como “levianas” as afirmações de que a advogada teria morrido em decorrência dos esforços físicos.

A advogada morreu enquanto praticava uma prova nas imediações do Parque das Águas, em Cuiabá. As principais suspeitas são de morte súbita. 

“Aconteceu com ela ali, como ela poderia estar sentada no cinema e também ter morrido. Falar que o exercício físico foi o causado da morte é leviandade”, disse o especialista.

O laudo da necropsia apontou como “causa indeterminada” para a morte da advogada. O cardiologista explica que, com o resultado, é excluída morte por acidente vascular cerebral ou até infarto do miocárdio, que era a suspeita inicial.

“Se o laudo deu causa indeterminada, não teve a ruptura de aneurisma, não rompeu a aorta, não tem coágulo na artéria pulmonar. Então não foi embolia pulmonar, e não tem coágulos. Ou seja, não foi infarto. Foi uma morte arrítmica. Infelizmente aconteceu”, disse o médico.

Resultados dos exames toxicológicos e de alcoolemia ainda estão sendo elaborados e o laudo final deve sair até dia 17 de abril.

O médico explica que a morte súbita, como a da advogada, pode acontecer com qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, apesar de os índices serem muito baixos. De acordo com médicos, quando se trata de atletas, o índice é de um caso para cada 50 mil praticantes. 

“A ciência não é capaz de responder determinadas causas. Você pode dizer quando um vulcão vai entrar em erupção? Não pode. Você também não pode dizer quem vai morrer subitamente. Nós não temos essa bola de cristal”.

As causas são diversas e não há explicações aparentes. “Nós temos diversas causas para morte súbita. O infarto é uma delas, arritmia mais graves, dissecção da aorta (que é quando a aorta rasga por dentro), embolia pulmonar...”, diz.

O médico lembra que pessoas que têm histórico familiar para a doença devem – em qualquer idade – procurar um profissional e ficarem atentas. 

“Uma coisa importante: se teve morte súbita, ela inseriu na família dela a causa congênita. Então, obrigatoriamente, os pais e os irmãos devem procurar um cardiologista para fazer uma investigação”, recomendou.

Os irmãos de Taíse também praticam o atletismo e estavam com ela na prova.

“Saúde não se compra, se conquista”

A falsa associação do esporte com a morte súbita pode acontecer. Entretanto, o médico afirma que a ciência comprova que o exercício físico e uma alimentação saudável previnem doenças e dão mais qualidade de vida.

“Saúde não se compra, se conquista. É preciso fazer atividade física regularmente, porque não existe nada melhor para evitar doenças que exercícios. Cientificamente falando, só duas coisas fazem você viver mais e melhor: comer bem e fazer atividade física. O resto é comércio”.

A regularidade dos exercícios, no entanto, vai depender da faixa etária e da disposição de cada indivíduo. O médico afirma que o ideal seria uma hora por dia. No entanto, 30 minutos quatro vezes na semana já diminuem os riscos de várias doenças. 

“Não dá pra fazer uma hora? Faça meia hora. Não dá para ser todos os dias, faça dia sim, dia não. E esse tempo pode ser quebrado, por exemplo 15 minutos de manhã e 15 minutos à tarde”.

“Uma caminhada eficaz é aquela rápida, que ao final da caminhada você esteja com a camiseta molhada, que você esteja cansado. É a caminhada que você não consegue ter uma conversa constante, você tá conversando e interrompe a conversa para poder respirar. Aí sim, você tá gastando energia”.

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