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Sociólogo afirma que "rolezinho" não é um caso de Polícia

Sociólogo afirma que "rolezinho" não é um caso de Polícia

Por: Mídia News\ DÉBORA SIQUEIRA DA REDAÇÃO
Publicado em 23 de Janeiro de 2014 , 11h26 - Atualizado 23 de Janeiro de 2014 as 11h26


O coordenador do Núcleo Interistitucional de Estudos da Violência e Cidadania (Nievci), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professor-doutor Naldson Ramos da Costa, afirmou, em entrevista ao MidiaNews, que os "rolezinhos" (encontros que jovens marcam pela internet e que têm como alvos os shoppings centers) não é um caso de Polícia.

 

"É muito mais um fenômeno cultural do que um ato de rebeldia e contestação à autoridade", afirmou.

 

Para o sociólogo, esses garotos e garotas das periferias de Cuiabá e de outras grandes cidades brasileiras são filhos de uma nova classe média, que ascendeu com o desenvolvimento econômico do país.

 

“Parte desses jovens tem poder aquisitivo para comprar tênis da marca, celular de marca, bonés e adereços. Para dar visibilidade e ter um lugar onde possam se encontrar para ter conforto e segurança, eles optam pelos shoppings, que é o símbolo de seus desejos e consumo e símbolo do consumismo da elite”, disse Costa.

 

Segundo ele, é como o denominado "funk ostentação". A ideia é exibir o que tem, as roupas, tênis e acessórios de grife adquiridos em parcelas infinitas por esses pais que ascenderam para a nova Classe C brasileira.

 

“Essa nova classe média da periferia vai ao shopping, nem sempre para consumir, mas para marcar encontros, passear, beijar e jogar isso nas redes sociais”, disse o sociólogo.

 

Medo e preconceito

 

Para a outra camadas mais alta da sociedade, ver jovens que não estão ali para gastar em compras e ainda vão ao local em um grande número pode ser interpretado como insegurança.

 

“Normalmente, eles chegam com linguagem, músicas, trejeitos próprios da periferi,a e as pessoas associam isso, muitas vezes, à ideia de roubo, furto, algazarra e acabam criando insegurança. E os seguranças do shopping começam a agir; aí, vira tumulto mesmo. A população não precisa ter medo. Eles não estão ali para quebrar, depredar”, afirmou Naldson Costa.

 

Para ele, na maioria dos casos, o que os jovens buscam mesmo é ostentar a cultura e valores próprios da periferia.

 

Disse ainda que esses mesmos jovens dos "rolezinhos" já frequentavam os shoppings. A diferença é que o fenômeno das redes sociais faz com que eles cheguem em grupo para se encontrar.

 

O sociólogo não vê os "rolezinhos" como um problema de Polícia, mas como falta de políticas públicas direcionadas para a periferia, para que os jovens possam ter acesso a esporte, lazer, cultura e as locais onde podem se manifestar de forma pacifica.

 

“O uso da Polícia para vigiá-los é mais um estigma contra jovens da periferia, para dissolver esse encontro a base de cassetete e bombas de gás. É um estigma à população pobre, que nem é pobre mais porque tem acesso aos bens de consumo e quer ter o direito de ir ao shopping também”, completou o sociólogo.

 

Longe da "playbozada"

 

Uma reportagem da última edição da revista Veja revela que a ideia de que os rolezinhos são “protestos” e de que seus integrantes querem invadir os “shoppings dos ricos” é "de quem não conhece a periferia".

 

Segundo a matéria, os rolezeiros querem é se divertir, namorar e comprar roupas de marca. Tudo bem longe da “playboyzada”.

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