A Polícia Federal (PF) já intimou pelo menos 20 testemunhas e investigados para depor no inquérito da operação Concutare, que apura liberação de licenças ambientais mediante pagamento de propina no Rio Grande do Sul, e espera convocar mais 80 para novos depoimentos até esta sexta-feira (3). Com isso, mais de cem pessoas, além dos suspeitos presos, serão ouvidas no inquérito que investiga as irregularidades, previsto para ser concluído até o final de maio.

Na segunda-feira (29), 18 pessoas – entre elas os então secretários de Meio Ambiente de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul – foram presas suspeitas de integrar um esquema de corrupção para a obtenção de licenças ambientais de empreendimentos privados. A operação cumpriu 28 mandados de busca e apreensão e recolheu mais de R$ 500 mil em poder dos suspeitos, além de armas, documentos e computadores.

Quatros desses suspeitos já foram liberados, segundo a PF. Nesta quinta-feira (2) deixaram o Presídio Central de Porto Alegre o engenheiro ambiental Joel Machado Moreira, de Santa Catarina, e Celso Rehbein, empresário de Santa Cruz do Sul. Eles depuseram pela segunda vez nesta tarde.

Mais seis depoimentos ainda serão concluídos nesta quinta-feira. Uma van transportou os suspeitos do Presídio Central, para onde foram transferidos na noite de segunda-feira, até a superintendência da PF. O veículo chegou ao local pouco depois das 10h. A movimentação dos advogados, no entanto, já era intensa nos corredores do prédio antes do início dos depoimentos.

Na noite de terça, outros dois suspeitos foram soltos após serem ouvidos pela Polícia: um empresário e um funcionário da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Entre os detidos que permanecem no presídio estão o ex-secretário do Meio Ambiente de Porto Alegre, Luiz Fernando Záchia, que prestou depoimento de cinco horas no feriado de 1º de Maio, e o ex-titular da secretaria estadual, Carlos Niedersberg, que depôs na terça-feira.

Prisão temporária vence nesta sexta

O ex-secretário do Meio Ambiente na gestão de Yeda Crusius, Berfran Rosado, ficou em silêncio durante o depoimento na PF sob a alegação de que a defesa não teve acesso à cópia do inquérito. O advogado Luciano Feldens explicou que Rosado está preocupado com a repercussão do caso na mídia e reivindica o direito de preservação da imagem.

O pedido de prisão temporária dos 14 suspeitos ainda detidos vence à meia-noite desta sexta-feira (3), mas a PF ainda não confirmou se pedirá a prorrogação do prazo por mais cinco dias ou se vai libertar os envolvidos no caso.