NOTÍCIA | Nepotismo

Nepotismo e confusão no gabinete de Blairo Maggi

Nepotismo e confusão no gabinete de Blairo Maggi

Por: Época
Publicado em 03 de Abril de 2012 , 12h10 - Atualizado 03 de Abril de 2012 as 12h10


Antes de ser efetivado em qualquer gabinete ou repartição do Senado, todo pretendente ao emprego é obrigado a preencher uma ficha em que responde se é parente de algum senador ou funcionário concursado da Casa. O objetivo é cumprir uma regra anti-nepotismo criada pelo Supremo Tribunal Federal de 2008 e reforçada por um decreto de 2010 assinado pelo então presidente Lula. Se tiver parente, não entra. Desde então, a norma funcionou para barrar a contratação de dezenas de familiares de senadores e servidores, mas não foi aplicada para uma funcionária do gabinete do senador Blairo Maggi (PR-MT). Em abril de 2011, Maggi contratou Najara Flauzino Ferro para o cargo de assistente parlamentar, com salário de R$ 4.084,00*. Najara é filha de Oswaldo Ferro Filho, subchefe de gabinete do próprio senador, funcionário do Senado desde 1985.

 


O emprego de Najara durou até a tarde da última sexta-feira, dia 30. Procurado para comentar o assunto, Blairo Maggi decidiu demitir sua colaboradora minutos após receber os questinamentos de ÉPOCA. “Por existir ainda uma dúvida, determinei a exoneração imediata da servidora em questão”, disse por e-mail.
 


Blairo Maggi e a Diretoria-Geral do Senado têm versões diferentes para explicar a contratação de Najara em 2011. O senador afirma que Najara declarou, sim, ser filha de Oswaldo ao preencher a ficha cadastral de ingresso no Senado. De acordo com a versão de Blairo Maggi, o nome de Najara acabou sendo aprovado pela diretoria da Recursos Humanos do Senado mesmo assim. Em nota, a Diretoria-Geral afirma o contrário: “(Najara) declarou que não possuía parente no Senado Federal” no ato de sua contratação. A relação de parentesco só teria sido descoberta, segundo a nota, num recadastramento dos dados de Oswaldo realizado em 2011, o que teria motivado a abertura de um processo administrativo.

 

O caso Najara não é a única contratação mal explicada no gabinete de Blairo Maggi. O senador também conta com os serviços de um funcionário híbrido: meio militar, meio civil; com metade do expediente em Brasília, metade em Cuiabá; e remuneração mista, parte oriunda do Senado, parte do governo do Mato Grosso, por meio da Polícia Militar.


 
Oficialmente lotado no escritório de Blairo Maggi em Cuiabá, o coronel Eumar Roberto Novacki passa quatro dias da semana em Brasília, onde atuaria, segundo fontes, como uma espécie de chefe do gabinete do senador. Ele recebe R$ 16.337,20. Desse total, 55% é pago pelo Senado. O restante vem da PM do Mato Grosso. Se estivese lotado em Brasília, onde efetivamente passa a maior parte do tempo, Eumar poderia perder a remuneração militar.
 


Maggi explica assim a situação de seu assessor: “O coronel Eumar Novacki cumpre suas atribuições no Congresso de segunda à quinta, já que as sextas feiras ele está autorizado a ministrar instruções para os cursos de formação na PM (o que faz as sextas e sábados, desde que não haja convocações ou tarefas especificas no Senado Federal), e por essa razão, fora lotado em Cuiabá.”


 
Eumar Novacki foi secretário da Casa Civil e secretário de Comunicação de Mato Grosso durante o período em que Blairo Maggi governou o Estado. Em 2010, Maggi renunciou para disputar uma vaga no Senado. No dia 28 de dezembro daquele ano, o governador Sinval Barbosa, vice de Maggi, assinou um convênio com o Senado para que Eumar Novacki pudesse ser representante do governo do Estado na Casa. Segundo o convênio, ele realizaria “o acompanhamento efetivo das matérias que tramitam no Congresso Nacional, de interesse do Estado de Mato Grosso, especialmente as relacionadas à Segurança Pública e à Polícia Militar”. Novacki, no entanto, nunca exerceu esse cargo. O primeiro ofício de Blairo Maggi ao assumir seu mandato de senador, no começo de 2011, foi pedir a contratação de Novacki para o cargo de assessor técnico.


 
Nos bastidores, opositores de Blairo Maggi insinuam que, dentro do Senado, haveria uma espécie de vista grossa para eventuais irregularidades cometidas em seu gabinete. Isso porque um terceiro funcionário do senador, Maurício Barreto Souto, é namorado da filha da diretora-geral da Casa, Doris Marise Romariz Peixoto. Maurício é funcionário não-concursado do Senado desde 2005. Começou na Primeira Secretaria e, posteriormente, foi para a Diretoria-Geral, onde ainda continua lotado, mas em exercício no gabinete de Maggi. “O fato de ser namorado da filha da diretora-geral não representa nenhuma ilegalidade”, diz o senador. Doris Romariz, através da assessoria do Senado, disse que nenhuma de suas filhas é casada com funcionário do Senado e que, portanto, não há ilegalidade na contratação de Maurício para o gabinete do senador.


 
*Após a publicação da reportagem, o gabinete do senador Blairo Maggi enviou um e-mail com algumas observações. Antes, o próprio senador havia dito que Najara teria informado à Diretoria do Senado que era filha de Oswaldo. Agora, o gabinete diz que essa informação não foi repassada. Ainda segundo o gabinete, o cargo dela não é AP-03, com salário de R$ 4.084, como foi informado pelo Senado. O cargo seria AP-06 e a remuneração total de R$ 2.342.     

Soluti - Exatas Contabilidade
Auto Posto Arinos LTDA
Sicredi
Exatas Contabilidade

JUARA MATO GROSSO



MAIS NOTÍCIAS


Interessado em receber notícias em seu e-mail?
Nós o notificaremos e prometeremos nunca enviar spam.


2002 - 2024 © showdenoticias.com.br