Mato Grosso pode ter vacina contra dengue em 2014
Mato Grosso pode ter vacina contra dengue em 2014
Mato Grosso está lista dos estados brasileiros que irão integrar estudo nacional para indicar as áreas e os públicos prioritários a serem imunizados contra a dengue por meio de vacina. O levantamento será iniciado nos primeiros meses de 2014 e 63 cidades brasileiras, localizadas nas cinco regiões, integrarão o primeiro inquérito soroepidemiológico.
Informações do Ministério da Saúde revelam que o Estado foi selecionado por ser um dos locais que conta com índice de infestação elevado. Conforme último balanço apresentado pelo órgão federal, Cuiabá, por exemplo, estava entre as 3 capitais brasileiras em situação de risco para a doença. Os dados eram referentes ao Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa) e detalhavam que mais de 4% dos imóveis pesquisados apresentavam larvas do mosquito.
Atualmente, a vacina brasileira contra a dengue está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan. As doses já começaram a ser testadas em humanos e a expectativa dos estudos científicos é de que a imunização seja administrada em uma única vez, como também combata os quatro sorotipos da doença (1, 2, 3 e 4) já identificados no mundo.
A técnica utiliza o chamado vírus atenuado, isto é, o próprio vírus da dengue modificado, de maneira que produz anticorpos na população, mas não desenvolve a doença. Desde 2006, profissionais do Butantan realizam os testes e demais trabalhos. Em todo o mundo estão sendo testadas 7 vacinas.
O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também está pesquisando uma nova vacina contra a dengue no Brasil. Na unidade, os estudos são realizados desde 2009, em parceria com o laboratório privado GSK. A previsão é que a vacina seja concluída no prazo de 5 anos.
Estudo
O estudo para indicação dos grupos prioritários a serem imunizados será dividido em 3 fases, sendo a primeira denominada inquérito soroepidemiológico. O objetivo desta etapa é determinar o grau de imunidade da população à infecção pelo vírus da dengue. Serão coletadas cerca de mil amostras de sangue por cidade, na faixa etária de 1 a 20 anos.
As amostras das outras faixas etárias serão obtidas na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). As fases seguintes serão a de morbi-mortalidade e outra de imunidade celular.
Os trabalhos serão desenvolvidos por um grupo de técnicos do Ministério da Saúde, Anvisa e especialistas de universidades, como a Escola Paulista de Medicina e a Federal de São Paulo (UNIFESP).
Estes profissionais serão responsáveis por elaborar um plano para subsidiar o órgão federal de Saúde na definição das áreas e grupos etários para receber a vacina.
No que se diz respeito ao trabalho de morbi-mortalidade, este consiste na revisão dos artigos e informações científicas sobre dengue no Brasil publicadas em periódicos nacionais e internacionais. A meta é coletar informações epidemiológicas para caracterizar a ocorrência, o perfil da transmissão de dengue no país, reunindo informações adicionais sobre grupos etários vulneráveis, taxas de letalidade e sorotipos circulantes.
Já a pesquisa de imunidade celular será realizada em pessoas infectadas pelos sorotipos DENV 1, 2, 3 e 4. O objetivo é avaliar a resposta imunológica desses pacientes e o desenvolvimento dos casos graves da
doença. Os trabalhos subsidiarão a elaboração de modelos matemáticos que servirão como ferramenta para apoiar o Ministério da Saúde na definição do público que receberá a vacina contra a dengue.
Todo o estudo deve estar concluído em dois anos.
Dados
Conforme dados recentes divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES/MT), por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), Mato Grosso registrou 45.171 casos de dengue entre o período de 1º de janeiro a 19 de dezembro deste ano.
Ao todo, 37 ocorrências de óbito foram contabilizadas, sendo 34 confirmados. Dentre os locais que registraram morte pela doença estão: Alta Floresta, Apiacás, Aripuanã, Barra do Garças, Cáceres, Campo Novo do Parecis, Campo Verde, Carlinda, Cuiabá, Itiquira, Jaciara, Juara, Primavera do Leste, Pontal do Araguaia, Pontes e Lacerda, Tangará da Serra, Sinop, Sorriso, Vera, Sapezal, Lucas do Rio Verde, Várzea Grande e Novo São Joaquim.
Já entre os municípios que mais contabilizaram casos da doença, Sinop ocupa o topo da lista, totalizando 8.588 ocorrências. Na sequência está Cuiabá (3.629), Rondonópolis (3.258) e Várzea Grande (796). Em todo o Estado, 107 situações graves de dengue também foram contabilizadas. Durante o mesmo período do ano passado, 42.166 notificações foram
verificadas em Mato Grosso.
Moradora de Várzea Grande, Danielle Pereira Leite conta que chegou a ficar por 7 dias acamada devido as fortes sintomas da dengue. Ela teve a doença em meados de 2013 e conta que a novidade anunciada pelo Ministério da Saúde, sobre existir a elaboração de estudos para elaboração dos grupos prioritários a serem imunizados, é mais um benefício para a
sociedade.
“Vejo como mais um recurso para a população, porém é preciso destacar a necessidade de todos colaborarem para que a não proliferação do mosquito”, comenta.
Orientações
Conforme o Ministério da Saúde, a partir dos primeiros sintomas da dengue (febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos), a recomendação é que o serviço de saúde mais próximo seja procurado.
Além disso, é necessário evitar automedicação. Já em relação à prevenção, é importante que a população verifique o adequado armazenamento de água, o acondicionamento do lixo e a eliminação de todos os recipientes sem uso que possam acumular água e virar criadouros do mosquito. (Com Assessoria)