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Riva diz que Blairo pagou R$ 37,5 mi a deputados para ter apoio

Ex-deputado foi reinterrogado na ação penal derivada da Operação Imperador

Por: LUCAS RODRIGUES E VINICIUS MENDES - Mídia News
Publicado em 01 de Abril de 2017 , 06h34 - Atualizado 01 de Abril de 2017 as 06h34


O ex-deputado estadual José Riva revelou que os governos do falecido Dante de Oliveira e do atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), pagavam propinas milionárias para deputados, no intuito de ter o apoio deles na Assembleia Legislativa.
 
A declaração foi dada no reinterrogatório da ação penal derivada da Operação Imperador, que ocorreu na tarde desta sexta-feira (31). A audiência é conduzida pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
 
A ação apura suposto esquema que teria desviado R$ 61 milhões da Assembleia Legislativa, de 2005 a 2009. O esquema operava por meio de compras de fachada com empresas fornecedoras de materiais do Legislativo.
 
Apenas de 2005 a 2008, segundo Riva, o governo de Blairo teria repassado um total de R$ 37,5 milhões a boa parte dos deputados à época.
 
"Nesse período [2003 a 2004] foram movimentados R$ 1,1 milhão. Em 2005 aumentou para R$ 3,4 milhões. Em 2006 foram R$ 6 milhões. Em 2007, quando era presidente o Sérgio Ricardo, R$ 12 milhões. Em 2008, R$ 15 milhões", disse Riva, que foi ex-presidente da Assembleia por vários mandatos.
 
Na audiência, ele citou os nomes de 34 supostos beneficiários da propina: o ex-deputado e ex-governador Silval Barbosa; o ex-deputado e atual conselheiro afastado do TCE, Sérgio Ricardo; os deputados Mauro Savi, Dilceu Dal Bosco, Pedro Satélite, Sebastião Rezende, Zé Domingos, Guilherme Maluf, Gilmar Fabris, Wagner Ramos, Adalto de Freitas; o ex-deputado e atual secretário adjunto da Casa Civil, Carlos Brito; o ex-deputado e atual conselheiro do TCE, Campos Neto; os ex-deputados Nilson Santos, Airton Português, Eliene Lima, Maksuês Leite, Ademir Bruneto, João Malheiros, Zeca D'Ávila, Nataniel de Jesus, Antônio Brito, José Carlos de Freitas, João Malheiros e Renê Barbour; o ex-conselheiro do TCE Alencar Soares; o ex-deputado e ex-secretário de Educação, Carlão Nascimento; o ex-deputado e ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace Guimarães; o ex-deputado e ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz; o ex-deputado e ex-conselheiro do TCE, Humberto Bosaipo; o ex-prefeito de Sinop, Juarez Costa; o ex-deputado e ex-prefeito de Cuiabá, Chico Galindo; a ex-deputada e ex-vereadora Chica Nunes e o já falecido ex-deputado Walter Rabello.
 
Confira como foi a audiência:
 
Início do mensalinho:
 
Riva contou que no final do governo Dante, Blairo Maggi tinha um discurso duro com relação a Assembleia, tanto que foi eleito com minoria. Em razão disso, conforme ele, alguns parlamentares temiam parar de receber o 'mensalinho' que Dante supostamente pagava.
 
"Deputados me procuraram pra saber se continuariam recebendo propina igual ao governo anterior, que era restrito à bancada. Aí começou o governo Blairo e ele falou que não ia continuar com isso. Ele estava disposto a passar um valor para a Assembleia, mas que fosse para passar a todos os deputados, para ajudar o governo na Assembleia".       
 
Esse pagamento já acontecia no governo Dante, veio para o governo Blairo e foi até o fim do governo Silval
"Nesse período [2003 a 2004] foram movimentados R$ 1,1 milhão. Em 2005 aumentou para R$ 3,4 milhões. Em 2006 foram R$ 6 milhões. Em 2007, quando era presidente o Sérgio Ricardo [atual conselheiro afastado do TCE], R$ 12 milhões. Em 2008, R$ 15 milhões".
 
Riva disse que era o responsável por distribuir os valores aos deputados, juntamente com o ex-vice-governador Silval Barbosa (PMDB). Segundo Riva, o mesmo esquema continou quando Silval foi eleito governador. Além deles, também fazia a distribuição o ex-secretário de Finanças da Assembleia, Edemar Adams (já falecido).
 
"Ou falo tudo ou nada" (atualizado às 16h37)
 
A juíza perguntou sobre a periodicidade dos supostos pagamentos feitos por Blairo aos deputados.
 
"Tanto ele quanto o Silval repassaram. Quando algum deputado era mais duro com o governo, ele [Blairo] pedia pra conversar com ele. Eram pagamentos mensais".
 
Selma Arruda questionou se Riva também se beneficiou com os repasses.
 
"Sim. Eu recebia, gastava com o gabinete, mas também em benefício próprio. Eu conversei com meus advogados: ou eu falo tudo ou eu não falo nada, não vou chegar aqui e falar pelas metade. Gastei com uso pessoal. Esse pagamento já acontecia no governo Dante, veio para o governo Blairo e foi até o fim do governo Silval".
 
Mais deputados e empresas envolvidas:
 
Quanto ao esquema objeto da ação, Riva afirmou que outros deputados também assinavam que estavam recebendo materiais que nunca foram entregues.
                      
'Mas não era 100%. Teve deputado que assinou e recebeu o material. A forma de manter o sigilo era dessa forma: receber os materiais pela secretaria geral. Todos sabiam, ninguém assinava nada enganado".   
 
Riva disse que esquema semelhante envolveu vários deputados e mais de 40 empresas. A lista , segundo ele, foi entregue ao Ministério Público Federal (MPF).
 
"Quero deixar bem claro que é uma situação que me arrependo de verdade. Não queria ter feito, tomei a decisão errada, infelizmente. Quero prestar contas com a sociedade, não roubei R$ 500 milhões, mas participei desse esquema".   

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