O ex-deputado estadual José Riva (sem partido) garantiu que conseguiu explicar como funcionavam os pagamentos realizados pela Assembleia Legislativa entre os anos de 1999 e 2002. Nesta sexta-feira, o ex-parlamentar prestou esclarecimentos sobre a emissão de cheques pela Assembleia Legislativa encontrados em factorings do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

Os dois estão presos, sendo que Riva está no centro de custódia de Cuiabá e Arcanjo num presídio de segurança máxima em Porto Velho (RO). “Espero que seja feita Justiça porque muitas coisas que foram colocadas no processo são inverdades. Tive condições de demonstrar isso no nosso depoimento”, disse o ex-deputado ao deixar a sala de audiência na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

Riva ainda disparou contra a suposta delação premiada do ex-gerente da factoring de Arcanjo, Nilson Teixeira. “Existem delações e delações. Se fosse uma delação 100% verdadeira, teriam outros réus aqui”, alertou criticando o modelo de colaborações existente no país.

Em depoimento, o ex-presidente da Assembleia explicou que as factorings de João Arcanjo Ribeiro era conhecida da sociedade cuiabana. Por conta disso, pessoas físicas e jurídicas costumavam trocar cheques.

Riva afirmou que os cheques da Assembleia provavelmente foram deixados na factoring por fornecedores após receberem pagamentos do Legislativo. “Para a Mesa Diretora, valia o serviço ser prestado e não tinha como verificar a situação das empresas”, afirmou o ex-deputado.

IJosé Riva ainda considerou ser impossível ter desviado R$ 100 milhões dos cofres do Legislativo. Ele citou que, no período em que o Ministério Público apontou que ocorreram as fraudes, o Orçamento da Assembleia era menor que o supostamente desviado. “Eu indaguei aqui como tinha desviado R$ 100 milhões se só tinha R$ 72 milhões. Eu indaguei aqui como tocaria a Casa. Quer dizer a coisa mais fácil do mundo, é você falar, mas existem muitas situações que precisam ser esclarecidas e esta é uma oportunidade da gente esclarecer”, colocou.

DEVOLUÇÕES DA ASSEMBLEIA

José Riva ainda condenou as declarações de que a atual Mesa Diretora esteja devolvendo recursos ao poder Executivo, numa demonstração de que a gestão passada, sob seu comando, teria cometido fraudes. “Eu acho o seguinte: quando você devolve uma coisa que está na conta é uma coisa. Agora, quando você fala de orçamento é outra. A coisa mais fácil do mundo é a Assembleia devolver R$ 500 milhões. Faz-se um orçamento de R$ 1 bilhão e devolve R$ 500 milhões”, assinalou.