NOTÍCIA | Apreensão

PF apreendeu documento que sugeria estratégia a Riva e Bosaipo

Por: Sonoticias
Publicado em 14 de Setembro de 2015 , 08h41 - Atualizado 14 de Setembro de 2015 as 08h41


Um dos documentos apreendidos pela Polícia Federal na 5ª fase da Operação Ararath, em maio do ano passado, foi uma "análise jurídica" que sugeria uma estratégia de defesa ao ex-deputado José Geraldo Riva (PSD) e ao ex-conselheiro do TCE-MT, Humberto Bosaipo.

 

O documento foi encontrado na residência do político, após busca e apreensão. A análise se referia ao processos em que Riva e Bosaipo são acusados de desviar R$ 4 milhões da Assembleia Legislativa, entre 1999 e 2002. No parecer, cuja autoria é desconhecida, era sugerido que outros três corréus na ação confessassem a autoria dos crimes:

 

o ex-secretário de Recursos Humanos da Assembleia Legislativa, Agenor Clivati; o ex-secretário de Finanças, Guilherme da Costa Garcia, e o servidor público Nivaldo de Araújo, já falecido De acordo com o documento, "seria interessante" a Riva convencer os ex-servidores a assumirem a culpa pelos ilícitos, especialmente porque, além de o crime de formação de quadrilha já ter prescrito na maioria das ações, Guilherme Garcia e Agenor Clivati tinham mais de 60 anos, o que faria com que os crimes prescrevessem na metade do tempo.

 

“Qual seria a vantagem processual deles em confessar a versão acima? (a) Primeiro estariam trabalhando com o que de fato existe nos autos; (b) Segundo desqualificariam o tipo de peculato para fraude a licitação (pena bem menor com risco de prescrição), pois não houve apropriação de dinheiro público, mas sim uma fraude nos processos licitatórios, haja vista que o serviço foi prestado, o material foi entregue, mas houveram erros na licitação. (c) Terceiro teriam atenuante de confissão e até mesmo uma eventual diminuição de pena por conta de delação”, diz trecho da análise.

 

Os processos mencionados estão em fase de instrução e julgamento, sendo que já foram marcadas as audiências de oitiva de testemunhas e do interrogatório dos acusados, previstas para ocorrerem em setembro, outubro e novembro.

 

A versão sugerida pelo documento, que não se sabe se foi ou não acatada por José Riva, era a de que estes servidores dissessem à Justiça que resolveram montar um grupo para fraudar licitações da Assembleia, juntamente com outros dois funcionários já falecidos, porém, sem o consentimento da Mesa Diretora. Na confissão, os servidores deveriam dizer que se aproveitaram do fato de as licitações da Assembleia não serem publicadas oficialmente, mas apenas no mural do órgão, e usaram as informações privilegiadas para fraudar as licitações por meio da criação de empresas fraudulentas.

 

“O que era para ser uma simples indicação de empresas a ganharem a licitação acabou por se tornar uma série de atos fraudulentos, pois os irmãos Quirinos que eram responsáveis pela parte das empresas resolveram achar um modo mais fácil e constituíram as empresas de qualquer jeito, inclusive em nome de clientes de seu escritório de contabilidade (sem a anuência destes). Nesse ponto existe inclusive prova nos autos – depoimentos”, sugeriu o documento, em relação à versão que deveria ser contada pelos servidores.

 

Agenor, Guilherme e Nivaldo também deveriam dizer que não existiam empresas “fantasmas”, mas empresas de pastas que ganhavam as licitações de forma fraudulenta, “entregavam o material diretamente sem pagamento de impostos, sem emissão de notas e quando não podiam entregar terceirizavam para outras empresas de Cuiabá a entrega do material licitado (prova testemunhal existem várias)”. “O que eles faziam com o dinheiro das fraudes?

 

Qual o montante? Como eles entregavam o material e ganhavam a licitação por oferecer um preço mais barato, tendo em vista, que as empresas não pagavam nenhum imposto (sonegavam), eles ganhavam (lucravam) aproximadamente o valor de 12% do  valor da licitação, uma vez que esse era justamente o valor dos impostos que eles não pagavam.

 

Esse valor era rateado entre eles”, consta em outra parte da análise. Vantagens a Riva Caso a versão sugerida fosse apresentada à Justiça, o documento afirma que a confissão beneficiaria José Riva, pois restaria evidenciado que o esquema funcionava sem o conhecimento da mesa diretora. Isso porque existiriam “prova nos autos que não cabia a mesa diretora verificar a autenticidade dos pagamentos, pois já teriam passado por todos os tramites legais; (c) existe prova já nos autos de que 03 procedimentos licitatórios existiram (depoimento dos auditores do TCE), ao contrário do que sustenta a acusação”.

 

A análise jurídica ainda avaliou que a falta de provas e testemunhas, aliada a esta versão, favoreceria a situação do ex-deputado nas ações penais. As ações Nas ações penais, o MPE afirma que Riva e Bosaipo criaram empresas fantasmas para desviar dinheiro da Assembleia. Uma delas, batizada de Ed Maluco Reparos e Serviços Ltda., foi registrada no nome de Lucas Marques Gomes, que havia morrido dois meses antes de a firma ter sido criada.

 

Segundo o MPE, a empresa fantasma foi contratada para prestar serviços à Assembleia Legislativa, sendo que os valores dos cheques emitidos em favor da Ed Maluco – um total de r$ 1,9 milhão - eram sacados por servidores da própria Assembleia, supostamente envolvidos no esquema. O mesmo ocorria com outra empresa supostamente de fachada, a M.T Nazareth ME, que teria recebido mais de R$ 2,2 milhões do órgão. Na denúncia, o MPE denunciou que o dinheiro desviado serviria, em parte, para ser repassado à Confiança Factoring, como pagamento de empréstimos de despesas pessoais e de campanha. 

Auto Posto Arinos LTDA
Exatas Contabilidade
Sicredi
Soluti - Exatas Contabilidade

JUARA MATO GROSSO



MAIS NOTÍCIAS


Interessado em receber notícias em seu e-mail?
Nós o notificaremos e prometeremos nunca enviar spam.


2002 - 2024 © showdenoticias.com.br