Chapada dos Guimarães (67 km ao norte da Capital) quer se tornar patrimônio imaterial da humanidade. O primeiro passo para isso ocorreu nesta semana, com a assinatura do Protocolo de Colaboração e Amizade entre o município e a cidade portuguesa de Guimarães.

O acordo prevê a troca de informações e experiências para melhorar as agora cidades irmãs, que possuem estreita ligação, como o nome do município mato-grossense, escolhido como forma de homenagear a primeira cidade portuguesa, fundada em 1128, que já é considerada pela Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação (Unesco) patrimônio histórico da humanidade.

Presidente da Câmara dos Vereadores e ex-prefeito da cidade portuguesa, cargo que ocupou por 24 anos, Antônio Magalhães esteve em Chapada para a assinatura do termo. Ressalta que documento semelhante foi firmado com outras cidades, inclusive duas brasileiras, Rio de Janeiro (RJ) e Londrina (PR). “Mas Chapada é a única que tem uma motivação histórica específica para ser uma cidade irmã de Guimarães”, conta a idealizadora da proposta de aproximação entre as duas cidades, a doutoranda em História pela Universidade do Porto, Maria Amélia Assis Alves Crivelente.

Para Magalhães, a cooperação entre cidades irmãs pode representar diversos benefícios para todos os envolvidos, ainda que as cidades possuam características diferentes. “Guimarães é o berço da pátria portuguesa e ganhou autonomia em 4 de junho de 1128. O valor da cidade tem a ver com a sua monumentalidade. Tem, com Chapada, a semelhança, ainda que com características climáticas diferentes, um espaço verde abrangente, o que não é característica em Portugal”.

O político português salienta que o desejo do município mato-grossense em alcançar um novo patamar pode ser facilitado pela experiência da cidade irmã. “Em 2012, fomos escolhida a Capital Europeia da Cultura. Isso representou uma visibilidade muito grande, com mais de 1,5 milhão de visitantes nos 12 meses. Vejo em Chapada condições para ser patrimônio imaterial, como é a Serra de Cintra em Lisboa, que não é mais bonita do que aqui. A natureza foi generosa com o município”.

Secretária de Turismo de Chapada, Sônia Bezerra acredita ser possível, com a troca de informa
ções, avançar em vários aspectos da gestão. “Começamos a ganhar antes mesmo de assinarmos o termo. Temos muito o que aprender com eles e apenas neste curto período já tiramos importantes encaminhamentos para implementarmos projetos na nossa cidade”.

Nome português

Pouca gente sabe, mas a escolha do nome do município de Chapada dos Guimarães foi uma homenagem à primeira cidade portuguesa. Em 1767, para conter o avanço dos espanhóis, Portugal decidiu colocar, em todas as missões, nomes que de alguma forma faziam menção ao reino. O espaço onde hoje está localizada a cidade, era conhecido como Missão Jesuítica de Santana do Sacramento, e foi mudado para Lugar de Guimarães. A escolha, além da deferência, foi motivada pelo fato que diversas famílias daquela localidade eram oriundas da agora cidade irmã.

Esta explicação foi levantada por Maria Amélia, durante tese de mestrado, apresentada inclusive em um congresso cultural em Guimarães. “Na sequência deste trabalho, se levantou a possibilidade de Guimarães travar relações com Chapada e contou com a participação da especialista em História das Civilizações, Norberta Amorim”, explica o presidente da Câmara dos Vereadores de Guimarães.

Amorim chegou a vir para Mato Grosso e, juntamente com Maria Amélia, desenvolveu o projeto “Raízes Históricas de Chapada dos Guimarães”, com a apresentação de um vídeo contando a história da cidade portuguesa.

Desde então, a historiadora brasileira passou a tentar articular a possibilidade de se estabelecer, por meio de um termo, uma parceria. “Na sequência da visita resolvemos dar um salto qualitativo no que pode ser feito na relação das duas cidades”.

Uma das primeiras ações deste acordo é a implantação, nas redes de ensino dos 2 países, da
história da criação das duas cidades. “Aqui eles aprenderão sobre a cidade portuguesa e lá sobre nós”.