Os ex-secretários de Estado Pedro Elias Domingos e Pedro Nadaf confirmaram a participação no esquema criminoso que desviou milhões dos cofres públicos por meio de fraudes na concessão de incentivos fiscais. Ambos são réus em uma ação penal oriunda da segunda fase da operação Sodoma. Eles prestaram depoimento ontem na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

Na ocasião, Pedro Elias reafirmou o que disse ao Ministério Público. O ex-secretário firmou um acordo de delação premiada para garantir a liberdade. Ele assumiu fazer parte do esquema e pediu desculpas pela sua participação na organização. “Peço desculpas pelo mal que fiz, por ter participado dessa organização. Naquele momento, os meus valores eram outros”, disse o ex-secretário em meio a lágrimas.

De acordo com Elias, além dele, outras oito pessoas também faziam parte da organização criminosa que era comandada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

Além dele e do ex-governador, também faziam parte do bando o filho de Silval, médico Rodrigo Barbosa, assim como o ex-chefe de Gabinete, Silvio Araújo; os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf e Marcel de Cusi; o ex-secretário-adjunto de Administração, coronel José de Jesus Nunes Cordeiro e o procurador aposentado Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o "Chico Lima".

Pedro Elias afirmou que entrou no esquema a convite do próprio Silval Barbosa. Sua função era receber as propinas pagas pelo empresário Willians Mischur, proprietário da empresa Consignum.

Conforme o ex-secretário, eram repassados R$ 500 mil por mês. “Eu tirava um parte para mim, cerca de R$ 100 mil, e passava o resto para ele”, confessou.

Ele afirmou que o ex-governador o chamou para atuar na organização criminosa por estar desconfiado da atuação de do ex-secretário César Zílio. “Zílio não estava repassando os valores corretos”, afirmou.

Além de dinheiro, Pedro Elias afirma que recebeu dois apartamentos de Mischur, a título de propina. Os imóveis foram entregues à organização criminosa para quitar uma “dívida”, referente ao atraso no pagamento da propina ocorrido na transição de Zílio para Elias.

O ex-secretário também confirmou recebimento de propina da empresa WebTech. Os recursos, segundo ele, eram repassados para o filho de Silval Brabosa, médico Rodrigo Barbosa.

As declarações de Pedro Elias foram referendadas por Pedro Nadaf, ex-secretário-chefe da Casa Civil. De acordo com ele, Rodrigo Barbosa pegava o dinheiro da propina no banheiro do gabinete de Silval.

“Presenciei Silval entregando propina para o Rodrigo, mais de duas vezes. Já presenciei também o governador autorizando o Rodrigo a pegar o dinheiro dentro do seu banheiro no gabinete”, contou.

Além disso, Nadaf também confirmou a participação do ex-deputado estadual José Riva no esquema criminoso. De acordo com ele, o ex-parlamentar não atuava diretamente, mas tinha diversas pendências com Silval.

Além dos ex-secretários, a juíza Selma Rosane de Arruda também colheu o depoimento do servidor público Bruno Saldanha.