Ao eleger o vereador João Emanuel (PSD) para presidir a Câmara de Cuiabá, os novos vereadores – pelo menos a maioria - deram a primeira demonstração de que pretendem tirar o Poder do lamaçal em que se encontra.

Com o fim da era Júlio Pinheiro (PTB), abre-se a perspectiva de que novos ares possam levar para longe do Legislativo cuiabano práticas retrógradas, perniciosas e nocivas à coletividade – como as que vinham sendo adotadas há tempos.

Espera-se, a partir de agora, que o novo presidente adote, de fato, o que pregou durante sua campanha para a Mesa Diretora: a descentralização do poder da figura presidencial, a reforma do ultrapassado Regimento Interno, o respeito ao trâmite legislativo, a implantação de um Colégio de Líderes e, principalmente, a abertura do Poder à população.
Fora esse viés de renovação, a vitória de João Emanuel significa uma dura derrota (a primeira) ao prefeito Mauro Mendes (PSB). Significa, também, que a Câmara deu um recado claro: não pretende se curvar, aprovando, a toque de caixa, tudo o que o Executivo pretender.

Ao derrotar Mendes, os vereadores sinalizam que querem debater, participar e ter voz ativa nos encaminhamentos do novo governo. Querem também, ao que tudo indica, exercer seu papel constitucional de fiscalização – coisa que virou ficção nos últimos 15 anos, pelo menos...

Já, Mendes, precisará adotar uma articulação criteriosa, sem truculência, na base do diálogo, para obter maioria em torno de seus pleitos (fato que mostra que, na política, as coisas não são como na iniciativa privada). Assim é o processo democrático.

Riva, 2014 e renovação

O resultado da eleição da Mesa também teve outro ingrediente: a vitória do deputado José Riva (PSD), presidente da Assembléia Legislativa e sogro de João Emanuel.

Desde o resultado das eleições municipais, Riva chamou para si o comando da articulação do processo. Aconselhou o genro, conversou com todos os vereadores, indicou caminhos e blindou seu pupilo, em vários aspectos.

Com a vitória, Riva passa a ter voz ativa, também, no Parlamento cuiabano, podendo, por exemplo, atravancar, ou constranger, o governo de Mendes, se esse for o desejo seu e de sua nova base de apoio.

Obviamente, o deputado também ganha terreno em relação à sucessão de Silval Barbosa (PMDB), em 2014.

Mesmo se não for candidato, ao fincar a bandeira do PSD em Cuiabá (e, em tese, contar com a maioria dos vereadores), Riva terá importante papel no pleito, fortalecendo sua base política e dando o tom da disputa.

Independente de quem ganha ou perde, a vitória da oposição na Câmara é importante, também, para equilibrar o jogo democrático e, em tese, fazer valer a voz das ruas, que clama por mudanças, decência e desenvolvimento social.