São linhagens produzidas a partir do cruzamento de diversas espécies e que se mostraram capazes de tolerar o aumento de até 4 º C na temperatura global. A influência das mudanças climáticas na produção de feijão se tornou uma preocupação real a partir de 2012, quando foi lançado um relatório revelando que o clima pode reduzir pela metade as áreas agriculturáveis desse grão até 2050. Até então, o foco de pesquisas estava em produzir tipos resistentes a pragas e secas.

Pesquisador do CGIAR (um consórcio internacional de pesquisa para a segurança alimentar), Steve Beebe anunciou a descoberta ontem, durante uma conferência em Adis Abeba, na Etiópia. Ele explica que os cientistas chegaram ao resultado após analisar mais de mil tipos de feijões surgidos do cruzamento de espécies que estavam disponíveis em um banco de dados genético.

Quando soubemos dos efeitos do calor sobre a produção de feijão, nos demos conta de que precisávamos fazer algo e, por isso, incorporamos ao nosso escopo pesquisas para o desenvolvimento de espécies resistentes - afirmou Beebe ao GLOBO. - Começamos o rastreamento no ano passado e estamos muito felizes com os resultados.

O CGIAR ressalta que os principais afetados pelos efeitos climáticos sobre o feijão seriam África e América Latina, mais vulneráveis às altas temperaturas. E cita o Brasil entre os países mais prejudicados.

Beebe acredita que as sementes começariam a ser disponibilizadas aos agricultores em até quatro anos. E além da tolerância ao calor, há pesquisas para linhagens com maior concentração de ferro. Outros grupos de pesquisa já relacionam também os efeitos do aquecimento sobre o Milho.