Falta de água potável e de educadores estão entre as prioridades das 90 mil famílias que residem nos 550 assentamentos de Mato Grosso


Uma extensa pauta de reivindicações feita pelo Movimento dos Sem Terra de Mato Grosso (MST) foi discutida na manhã desta terça-feira (24) no Palácio Paiaguás com a Assembleia Legislativa e Governo do Estado. A falta de infraestrutura adequada para o fortalecimento da agricultura familiar foi à tônica da reunião. O chefe do Poder Legislativo, deputado José Riva (PSD), defendeu melhorias para atender as 90 mil famílias que residem nos 550 assentamentos e sofrem principalmente com a falta de água potável. Em maio, nova reunião será realizada para definir os investimentos.

De acordo com Riva, será feito um levantamento sobre a viabilidade da implantação de um programa semelhante ao ‘Luz para Todos’, para resolver o problema da escassez da água. “Tivemos uma reunião longa com o MST e o governador Silval Barbosa ouviu atentamente a extensa pauta do movimento. Vamos estudar a possibilidade de criar um programa que poderá ser chamado de ‘Água para Todos’, para atender os assentamentos. Também defendemos a presença de técnicos envolvidos na agricultura familiar para melhorar a produção”, informou o presidente.

Riva alertou a necessidade de reformulação do modelo da reforma agrária, que segundo ele, as invasões existem por falta de apoio do Governo Federal em função de muitos assentados aguardarem o título da terra há mais de 20 anos. “Por causa do corte profundo dos recursos da União, faltam técnicos para irem aos assentamentos para orientar esses trabalhadores”.

Um dos coordenadores do MST, Antônio Carneiro lamentou a falta de compromisso do Governo. “O governador não quis se comprometer e nos pediu prazo para dar a resposta. Queremos políticas públicas para os assentamentos”,disse Carneiro, que é um dos líderes do Assentamento Padre Jozino, de São José do Povo, na região Sul. Segundo ele, a crise é agravada pela falta de investimentos na área educacional. Por isso, o grupo cobra a realização de um Concurso Público diferenciado para garantir, por exemplo, professores no campo.

O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-MT), Valdir Barranco, garantiu que alguns investimentos já estão em andamento. Entre eles, a vistoria de novas áreas; demarcação topográfica; investimentos em pontes e estradas. Além disso, existe a previsão da consolidação do programa de crédito habitacional para a construção de 1,5 mil casas populares e a reforma de mais 3,5 mil. “No ano passado foram 4,5 mil casas, sendo três mil reformadas”, esclareceu.

MST – Pelo menos 300 trabalhadores do MST estão acampados nas dependências do Incra, no Centro Político Administrativo de Cuiabá, para pressionar o governo a atender as reivindicações.