Como forma de resgate da herança cultural e histórica da região Sul, foi reativado, pela parceria entre diversas instituições, desde 2009, a celebração da abertura oficial da colheita do pêssego. A cada ano a cerimônia é feita numa propriedade rural. A safra de 2013/14 foi aberta nesta última sexta-feira, 6, na propriedade de Agobar Jung, localidade do Rincão dos Maia, primeiro distrito de Canguçu/RS. No ano passado, aconteceu no município de Cerrito/RS.

A cerimônia contou com o discurso de autoridades presentes, colheita simbólica dos primeiros frutos e degustação do fruto in natura e sucos.

O produtor rural falou da satisfação em receber a comunidade para realização do ato e dos resultados de uma safra boa, com um fruto de boa qualidade. O presidente da Associação dos Produtores de Pêssego de Pelotas, Marcos Schiller, também produtor, avaliou que a negociação do fruto chegou próximo ao que o produtor esperava.

Já o presidente do Sindocopel, Paulo Crochemore, relembrou a importância que a cultura do pêssego tem para região em movimentação financeira e em dinamismo cultural. "Toda a Colônia de Pelotas está movimentada, é caminhão com carga da fruta nas estradas, é caixas chegando nas propriedades, são as famílias se ajudando na colheita, isso faz parte da nossa história", destacou.

O assessor de Gabinete, do Vice-Governador do RS, Elemar Wojahn, mostrou exemplos de desafios em outros mercados como na produção de polpa de pêssego. "Quatro kilos da fruta produzem 1 litro de polpa, não há produção deficiente, precisamos buscar outros nichos de comercialização", indicou.

O chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, em Pelotas/RS, Clenio Pillon, referiu-se ao estabelecimento da organização da cadeia produtiva como forma de garantir uma produção de qualidade, assim como, de eficiência no processo produtivo. Ele destacou o trabalho realizado pela Embrapa e Emater na ação do Sistema de Alerta de Mosca-das-Frutas, uma importante iniciativa, que tem acompanhado a adoção de hábitos pelo produtor para alcance de uma safra sustentável.

O evento foi prestigiado por inúmeros representantes interessados no desenvolvimento da cadeia produtiva do pêssego. Durante o ato, foram ouvidas as manifestações do representante do Fórum da Agricultura Familiar, Lírio Reichert, o presidente do Corede Sul, Cássio Motta, o diretor do Departamento de Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) do RS, Edemar Batista, a gerente regional da Emater/RS, Karin Peglow, o presidente da Azonasul e prefeito municipal de Pedro Osório/RS, César Roberto Couto de Brito, o deputado federal, Fernando Marroni e no encerramento, o município anfitrião, o prefeito municipal de Canguçu/RS, Gerson Cardoso Nunes.

A propriedade

A propriedade de Agobar Jung, 62 anos, tem quase 50 anos dedicados à cultura do pêssego. Atualmente possui 50 hectares do fruto que são destinados à indústria. Há também uma parcela dedicada ao citros. A atividade envolve toda a família. Hoje, trabalham cerca de 25 pessoas na colheita do pêssego da propriedade.

Segundo ele, os frutos desta safra estão bem maiores, alcançando quase 100% do tipo I (diâmetros de 55mm até 57mm), especialmente na segunda etapa da colheita. "Apesar das chuvas intensas, que provocou o aparecimento da podridão parda, as perdas foram pequenas. O clima colaborou para o resultado", falou. Seu Agobar está produzindo cerca de 800 a 1.000 caixas de 20 kg/dia. As variedades encontradas no seu pomar são Sensação, Esmeralda e Granada.

Atividades paralelas

Durante o dia da abertura oficial da colheita do pêssego, foi realizado no Centro de Formação de Agricultores de Canguçu (Cetac), uma Audiência Pública, promovida pela AzonaSul, em Defesa da Assistência Técnica e Extensão Rural e Social Gaúcha, serviço socioassistencial, prestado pela Emater/RS em 493 municípios do Rio Grande do Sul.

Para o presidente da Azonasul e prefeito municipal de Pedro Osório, Cesar Roberto Couto de Brito, a audiência pública foi fundamental. "O serviço da extensão rural dá resultado no campo por que atende todos os seguimentos do campo, seja o pequeno, o médio e o grande produtor. Mas, hoje é o pequeno produtor que mais se beneficia", identificou.

"Foi muito importante a manifestação dos municípios, onde a extensão acontece de fato. Esperamos que avance os aspectos formais para viabilizar o certificado para filantropia da Emater", manifestou a motivação a gerente regional da Emater/RS, Karin Peglow.

Durante a Abertura da Colheita do Pêssego, ainda ocorreu uma solenidade de assinatura de um convênio do Programa Irrigando a Agricultura Familiar entre a Prefeitura de Canguçu e a SDR.